tendências, influências e a pirâmide faraônica

Uma pirâmide faraônica. É mais ou menos assim, numa metáfora bem rasa, que a gente pode explicar o que acontece no mundo da moda. Eu não sou uma conhecedora profunda da indústria fashion, mas uma coisa eu sei (e quase todo mundo que assistiu o Diabo Veste Prada também kkkkk): quando uma tendência começa a fazer sucesso em todo canto, invade as araras das fast-fashion e desfila no streetstyle de qualquer lugar do mundo, significa que a tendência já foi lançada há pelo menos um ano. Ou seja, dos desfiles das fashion weeks da vida até o consumo das reles mortais como nós, as tendências já percorreram um longo caminho, já vestiram centenas de mulheres e por fim chegaram ao gosto popular cansadas, modificadas e adaptadas pra todos os inspireds possíveis. 

No curso de Branding com Curadoria da Farm, que fiz na Perestroika, aprendi que a moda, tal como quase todas as áreas que envolvem criatividade, faz parte de um sistema de consumo que pode ser explicado da forma mais simples possível: uma pirâmide como essa aí.

 

Resumindo a pirâmide em termos grosseiros, podemos dizer que o que nós consumimos é informação mastigada. O que tem nas vitrines das lojas populares não é nada de novo e todas nós sabemos disso.

Se isso é ruim, não sei, mas tem dois lados interessantes dessa moeda: 1) por um lado a gente vê tantos modismos sendo lançados a cada estação, que fica difícil acompanhar e até gostar de alguns deles e a gente sabe que o que chega pra nós é tudo aquilo que "sobrevive" à caminhada. 2) por outro lado, aquilo que sobrevive muitas vezes cai no gosto popular por que é mensagem repetida, ou seja, de tanto se ver na mídia, nós passamos pelo processo de estranhamento - acomodação - aceitação - desejo - consumo. Por isso tantas tendências que, à primeira vista, parecem estranhas, depois de um ou dois anos viram desejo das massas. Por exemplo: em 2011 Stella McCartney lançou uma coleção inteira de estampas de frutas. Em 2013 a estampa bombou mais que tudo nessa vida. Em 2014 ela continua conquistando corações. Um segundo exemplo:

A coleção primavera/verão 2012 de Isabel Marant apresentou camisetas com números com uma pegada jersey, com cara de uniforme de basquete. Um estilo super esportivo que ganhou uma aura fashion e caiu no gosto das Betas: em 2013 todas as bloggers gringas & celebs desfilaram números pra todo lado. Tuula, Chiara, Aimee, Miley Cyrus, and so on, and so on.

Em 2014 a tendência chegou às fast-fashion com a Zara e, vejam bem, ao armário das mainstreams, como eu, você e todas nós. Sim, por que longe de mim me encaixar na categoria Beta. Não sou uma disseminadora de tendências, por que meu acesso às tendências é igual a todas as demais mortais. 

Nem sequer trabalho na área de moda, pra me sentir intimamente conectada com o que "vem por aí", ou falar com profundidade sobre o assunto. O negócio aqui é vestir! Mas, apesar da leve frustração de não fazer parte desse movimento-disseminador-de-coisas-bacanas, fico feliz que, mesmo sendo parte da massa consumidora, ainda posso encontrar peças que seguem uma tendência bem cansada, mas que trazem algo novo e refreshing pro meu guarda-roupa. O exemplo é esse moleton da Zara, com o qual eu montei o inusitado look do dia de hoje.

A parte muito boa de ser mainstream é que, mesmo consumindo o que "dita" a moda, nós temos acesso a essas pérolas inspired da moda: um moleton com número AND flores. Muito mais legal do que a tendência original. Sorry, Marant. hehehehehe Adorei essa proposta mais "romântica" do estilo esportivo. Palmas pra você, Zara.

Criei um look meio diferente, desses que eu invento quando tenho arroubos de ousadia matinal. Ignorei as proporções e vesti realmente o que eu estava com vontade, prezando pelo conforto e pela originalidade. Gostei bastante do resultado por ser um pouco fora do comum. Se agrada ou não cabe a vocês me dizerem, mas uma coisa é certa: às vezes o exercício das possibilidades é mais inspirador que estar impecavelmente vestida. :)

Moleton: Zara, R$ 99 | Saia: Renner, antiga e cortada hehehe, R$ 90 | Clutch: C&A, R$ 99 | Brincos: C&A, R$ 25 | Colar: presente da designer Alynne Borba, de Recife | Allstar: herdado da irmã | Batom: Natura Una, Vermelho 2.

Beijos, Carols