Cartagena de Índias - Dia 5

Finalmente chegamos ao último episódio dessa saga sensacional. Os dias que fiquei em Cartagena foram incríveis e a viagem foi, com certeza, mais interessante, pelo fato de eu ter ido sozinha. Assim que eu cheguei lá, fiquei meio desesperada pela ausência de companhia, mas foi justamente isso que me impulsionou a conhecer pessoas novas. Pode parecer que não, mas eu sou tímida e morro de vergonha de sair falando com o povo, mas quando se viaja sozinha, é quase uma questão de sobrevivência. hahahaha

Meu último dia foi dedicado a conhecer a ilha mais famosa do arquipélago do Rosário: Playa Blanca. Playa Blanca é, também, a ilha mais barata para se visitar e vocês vão entender o porquê. Pensei em ir para uma das outras ilhas privativas, mas achei que a experiência-Cartagena só seria completa se eu encarasse o passeio mais farofa! No dia anterior, quando fui para a Isla Del Sol, percebi que havia um catamarã gigante, com música, bebidas e muita animação, que ia para Playa Blanca. Achei divertida toda aquela baderna, mas fiquei com preguiça de passar 2:30h para chegar ao meu destino, então decidi ir de lancha rápida, mesmo. Paguei 55 mil pesos, aproximadamente R$ 78 e o pacote já incluía o tal almoço típico: peixe frito, banana frita, arroz de côco e salada.

Até a lancha para Playa Blanca é mais fuleira e apertada que a da Isla Del Sol. kkkkkk Resumindo: depois que não cabia ninguém mais, me chamaram para ocupar um espacinho bem na frente da lancha. Como o passeio anterior foi tranquilo, não me preocupei de estar sentada no lugar mais perigoso. Apenas me dispus a curtir um passeio um pouco mais agitado. Sabe de nada, inocente!

P*TA QUE PARIU! $%ˆ*@

Me ferrei como nunca antes na história do Brasil! Gente, o mar estava MUITO AGITADO. Tava rolando uma ~vibe~ tempestade sinistra, dessas que a gente só vê no final da tarde em Cartagena, mas justamente no meu último passeio, o mar revoltou-se logo pela manhã. Passei 45 minutos sendo sacudida freneticamente e nunca levei tanta cacetada na coluna como nesse dia. Na minha terra o nome disso é CIPOADA, ou seja, surra de cipó. Foi isso. Levei uma surra da lancha e até hoje acredito que minhas vértebras sofreram alguma espécie de achatamento irreversível. 

Imaginem a cena comigo: você senta na ponta da lancha, aquela parte mais na frente (não sei o nome náutico para isso!) e essa parte mal toca o mar, quando está em alta velocidade. Tranquilo, se você estiver a favor da maré, mas a nossa lancha estava contra e tinha um vento dos demônios rolando. Quanto mais alto o bico subia (2 metros acima da água, segundo o capitão), mais forte a pancada nas ondas. E lá estava eu, 49 kg, me segurando na borda da lancha, rezando pra não voar dali. Quando olhei para a galera que estava no barco, só dava pra rir. Todo mundo com cara de desespero e levando muita água na cara. Em resumo: FOI SENSACIONAL! O dia mais emocionante ever!

Nem preciso dizer que no barco mesmo já fiz novas amizades! hahahah Conheci o Gustavo e o Breno (ambos brasileiros viajantes solitários) e ainda a Emma (uma americana viajando sozinha) e o Juan Pablo (um argentino viajando sozinho). Aliás, tinha ainda um holandês e outro americano viajando sozinhos, ou seja, é ~tendência~. Todos estavam hospedados no El Viajero Hostel (bem famoso e bem legal! fica a dica!) e lá eles se conheceram. Por sorte meu hotel era muito próximo ao El Viajero e depois do passeio a Playa Blanca, saímos todos juntos. :D

Antes de pararmos para ficar em Playa Blanca, o barco se dividiu entre os que queriam conhecer o oceanário e os que queriam mergulhar. Decidimos fazer o snorkeling numa ilha próxima. Pagamos 25 mil pesos (lembram que comentei que na Isla del Sol esse mesmo passeio custava 40 mil? pois é). Achei meio nojento colocar a boca num snorkeling em que mil pessoas já enfiaram os dentes, mas quem está na chuva é pra se molhar, né? ANTICORPOS! Achei o passeio legal e os arrecifes de corais é realmente lindo. Mas gente, eu sou do nordeste, né? E quem já mergulhou em Porto de Galinhas, não se surpreende tanto com as Ilhas do Rosário (sorry, Cartagena!). Os corais são mais bonitos, mas não tem a mesma variedade de peixes multicoloridos que eu vejo lá no meu Pernambuco. :P

Passamos 1 hora desbravando os corais e depois seguimos para Playa Blanca e aí tivemos a visão da farofada que é essa ilha. HAHAHAHAH Milhares de vendedores ambulantes te oferecendo pulseiras, bolinhos, colares, patacón, e sei lá mais o quê. É um cabaré de zona. Praia lotada, cheia de barracas e o local do almoço parece um bandejão de pescador: várias mesas enfileiradas, uma comida bem ruinzinha e pepsi quente sem gás. Nada a ver com a Isla del Sol. A comida era a mesma, mas infinitamente pior. Em vez de uma farta salada, veio uns fiapos de couve, em vez da posta de peixe deliciosa, veio uma "piranha" frita, cheia de espinha. HAHAHAHAH Não sei que peixe é esse, mas enfim, era ruim. Em vez de coca-cola, água e suquinho com gelo, veio a tal pepsi velha. Mas apesar de tudo isso, não trocaria de experiência, por que a galera que eu conheci foi incrível e valeu super a pena.

Saimos de Playa Blanca no fim da tarde e o mar estava mais calmo, mas o vento jogou bastante água na nossa cara durante todo o percurso de volta. No fim das contas deu tudo certo e eu nunca ri tanto num dia. Foi o dia mais engraçado de todos, por que tivemos a certeza da nossa sobrevivência. Foi realmente especial e por isso, eu e os novos friends, resolvemos nos despedir da cidade em grande estilo. :)

Era domingo e Cartagena, como já falei, não é a cidade da zuêra, então tínhamos poucas opções de diversão. Fomos brindar nossa viagem de "solitários" no Café del Mar. Foi muito incrível. Mojitos, cosmopolitans, cuba libres e música ao vivo. Não teve pôr do sol realmente, por que o dia estava encoberto, mas who cares?! Do Café, fomos para a Plaza Santo Domingo comer uma pizza e rir mais um pouco e por fim fomos ao Tacadillha, um dos poucos lugares com música, abertos num domingo, em Cartagena. No Tacadilla encontramos um ambiente acolhedor, com senhores acima dos 50 anos, dançando salsa com paixão. Muito fofo. Não arriscamos entrar na pista de dança, mas foi legal conhecer um lugar tão típico. Saímos de lá bem cansados e voltamos todos para os respectivos hotéis. Eu ia embora na segunda de manhã, o Gustavo ia para Medellin, o Breno ia para Santa Marta, o Juan Pablo ia continuar sua viagem de carro pela américa latina e assim cada um tomou seu destino.

Peguei o vôo Cartegena-Bogotá pela manhã, mas o vôo Bogotá-Rio só seria às 22h. Poderia ter passeado em Bogotá, mas estava cansada da viagem e com muita dor de cabeça (acho que tive insolação!), então resolvi dormir no aeroporto. hehehe E depois dormi no vôo até o Rio. Rá! E foi assim que terminou minha primeira viagem sozinha na vida. A lição que eu tirei dessa viagem, foi umas palavrinhas que o Juan Pablo falou depois:

"As pessoas me perguntam: vai viajar sozinho? E eu respondo: Não. Só fica sozinho aquele que se isola. Quem viaja de coração aberto, nunca está só."

Acho que nosso amigo Juan Pablo, manja dos paranauê. 

Beijos, Carols