Quantas vezes já vesti alguma coisa, na vida ou no blog, e já ouvi: "Carol, não achei bonito/ Não ornou/ Ficou feio/ etc? Inúmeras. E antes que vocês pensem que isso pode abalar minha vontade de vestir coisas "estranhas", eu adianto que não. Sempre gostei do ritual de criar um texto mais interessante para a minha roupa, um discurso que dissesse algo mais consistente do que apenas um "nossa, que bonita". É claro que a moda está aí para elevar nossa autoestima, fazer a gente se sentir bem com o que vê no espelho, mas é preciso deixar claro que beleza e autoestima podem até caminhar juntas, mas a autoestima é um processo de autoaceitação/autoadmiração que ultrapassa a necessidade de estar/ser, de fato, bonita e, portanto, essas duas variáveis podem andar muito bem separadas. E aí o que acontece é que muitas mulheres têm usado a moda como um catalisador de autoestima, mas de um jeito ruim. E isso se tornou uma espécie de maldição: ou você está amaldiçoada pela moda, ou amaldiçoa outras mulheres por causa dela. O que isto significa na prática? Que deixamos de saber nos divertir com o que a moda tem de melhor. Deixamos de saber ousar, testar, arriscar, com medo de cara feia. Mas, como diria minha sábia avó: cara feia é fome.
Andamos por aí com dedos em riste dizendo o que pode ou não ser vestido. Que proporções devem ser respeitadas, que cores são ideais, que tipos de roupas servem para essa ou aquela, como se a moda fosse uma espécie de serviço militar (é guerra, gata!) cuja única missão é a de alcançar o aval da maioria e escutar um unânime "você está linda!". É bom ouvir isso? Claro que sim, mas eu sinto um prazer muito mais visceral quando escuto: "Porra, que look criativo! Que interessante! Que diferente!", porque isso significa que eu traduzi um pedacinho da minha personalidade. Visito dezenas de blogs de moda, sigo e acompanho o estilo de diversas garotas e não deixo de me surpreender com a pasteurização e repetição dos looks do dia. É claro que não é ilegítimo buscar a beleza (acho legítimo demais e busco também), mas às vezes me questiono se essa beleza "que todo mundo tem" traduz a essência das pessoas ou se apenas nos tornamos vitrines passivas do que vemos nas lojas, nos blogs, nas revistas. Ou se todo mundo tem a mesma essência. Ou se andamos com problemas generalizados de autoestima feminina. Ou se eu deveria parar de questionar essas coisas...
Um caso a se pensar.
Então me deparei, dia desses, com uma entrevista com a designer de interiores e ícone fashion americana Iris Apfel. A moça de 93 anos é famosa pelo seu estilo über poluído, ultra acessorizado, maxi exagerado. Iris, como tantas outras pessoas que usam a moda para se divertir, acredita que o processo de autoconhecimento é o primeiro passo para qualquer mulher encontrar seu estilo e, pasmem, aplicá-lo independente do que os outros vão pensar dela. E, apesar de ser uma mulher excêntrica e independente, acreditem, Iris foi feliz no amor, vejam só. E aqui eu entendo que a moda pode ser uma ferramenta de liberdade de discurso feminino e deve ser uma espécie de poder através do qual mostramos o quanto somos bonitas, mas acima de tudo, interessantes, cada uma à sua maneira, sem dedos em riste.
Durante a entrevista, Iris comenta que existe uma disparidade entre o que somos e o que enxergamos no espelho. Segundo ela, essa incapacidade de ver nosso verdadeiro eu é uma grande falha de quem usa a moda para "seguir padrões", porque isso nos tira a capacidade de decidir o que realmente nos faz bem, em detrimento daquilo que os outros vão aprovar. O processo de "enfrentar" o olhar alheio pode ser doloroso, mas esse caminho em direção à própria essência é recompensador e se a moda for um fio condutor dessa descoberta, então oba!, enfrentaremos esse olhar inquisidor com a plenitude de saber quem somos. No final das contas, como diz a própria Iris:
"É melhor ser feliz do que bem vestida."
Beijos, Carols
Carol sempre inspiradora. É por isso que deixei de ler blogs de moda há algum tempo, quando me vi necessitando de coisas que não podia comprar e querendo me encaixar em um padrão que não tinha nada a ver comigo. Seu blog sobrevive porque você é autêntica, criativa e humana, gente como a gente rs E ainda escreve maravilhosamente bem.
ResponderEliminarCarol, belo texto. Liberdade é o que há e é bom demais quando a gente consegue experimentar em todas as esferas da vida, incluindo nossa ~~indumentária~~!
ResponderEliminarBeijo.
Que bom que você fez esse post. Não consigo pensar em nenhuma outra "blogueira de moda" (com muitas aspas, porque você é bem mais que isso) no Brasil que, assim como você, pense fora da caixinha. Obrigada, Carol, e espero que as meninas mais novinhas que leem seu blog se sintam cada vez mais livres para serem - e vestirem - o que quiserem. ;)
ResponderEliminarDemais, Carol! Preciso me "libertar" de alguns padrões ainda.
ResponderEliminarUma coisa que eu sempre penso é a necessidade que muitas mulheres sentem de serem sensuais pra todos os homens. Na academia vão seminuas, na rua andam com os seios totalmente a mostra, os vestidos nas festas são embalados à vácuo e mal tapam a bunda, e assim por diante.
Poucas mulheres têm coragem de mostrar seu corpo somente pra quem as interessa e não pra todos. Mas pq?
Justamente pq todas andam daquele jeito, elas não podem ficar pra trás. Como elas não se amam, precisam dos assovios na rua pra se sentirem seguras. Tudo a ver com o que tu escreveu.
Continua, sim, pensando sobre as coisas, é isso que te faz diferente e me faz vir aqui todos os dias! Hehehe! Bjão!
Texto incrível, Carol, como sempre!
ResponderEliminarParabéns pela clareza como diz coisas tão interessantes!
Sucesso sempre!
VOCÊ É DEMAIS! Sou sua fã! Fiz um blog recentemente e você foi minha musa inspiradora! kkkkkkkkkkkkkkk
ResponderEliminarParabéns pelas palavras, Carol! Como dizem por aí, você é top! :)
Beijo grande!
Adorei seu texto! Dentre tantos blogs, o seu é o que se torna " parada obrigatoria" para a diversidade, criatividade, descontracao, leveza. Cansamos do " mais do mesmo". Este texto transmite bem o que penso do teu blog, do jeito.
ResponderEliminarUAUUUUU um chute no estômago dessas blogueiras robotizadas! Sempre soube que você era diferente Carols, sempre soube!
ResponderEliminarÉ por isso que eu digo: você está muuuito além desses "moldes de blogueira" que vemos por aí. Isso aqui é moda real, não é vitrine de loja (e de grife ainda!).
ResponderEliminarTenho pensado cada dia mais em fazer um blog ( nao só de 'look du jour', mas de vida mesmo!) e toda vez que passo por aqui me sinto cada vez mais inspirada...
MARAVILHOSA!!!
ResponderEliminarTexto fantástico. Só li verdades. Que a gente se sinta cada vez mais livre pra vestir o que quiser, independente se combina ou não, se está adequado para a situação, entre outras coisas. É muito melhor ser feliz do que bem vestida. É uma delícia colocar peças apenas por VONTADE. Você é linda, diferente e se veste da melhor maneira: com diversão. Continua assim. Que quem julga demais o q tá por fora, não consegue acessar o q temos por dentro.
ResponderEliminarCarolssss, você me representa pra caralho!!!! Amei o texto, amei a Iris e me identifico muito com seu blog, seu estilo!
ResponderEliminarTo cansada de ouvir: "que look estiloso, criativo, diferente... Eu não teria coragem, mas você pode" kkkkkkkkkk adoro! Fico feliz qnd escuto isso, pois como você bem escreveu, mostro minha persona ao me vestir! Dou valor demais! Obrigada pelos textos sempre maravilhindoss carolssss! :*** sou fã
Carol, que delícia ler seu texto nesse domingo. Amei e me colocou pra cima. Valeu! Beijocas.
ResponderEliminarAcho isso de "saiba quais tons combinam com a sua pele" tão uó! E se roxo não combinar? Não posso usar roxo? Ai gente, que saco! A beleza é tão relativa né? O que pode ser bonito pra mim, pode ser que não seja pra você. Dito isso, quem foi que inventou o que é bonito né? Adorei o texto e penso exatamente assim! http://simsemfrescura.blogspot.com.br/
ResponderEliminarOi amada!! Cheguei aqui hoje pela primeira vez, tem o link do seu blog no blog da Ana (Casa que minha vó queria) e fiquei encantada com seus pensamentos tão bem demonstrados através deste post ( e também o que vc fala que tem muitos sapatos pretos, que eu amei), eu penso exatamente como vc nesta questão de criar looks e não ser escrava de modismos, mas não conseguiria traduzir meu pensamento tão bem como vc fez, vou continuar refletindo em cada palavra sua para tentar ousar mais, e adoraria continuar acompanhando de perto seu blog. No dia que vc tiver um tempinho passa lá no meu também. Beijocas
ResponderEliminarMinha querida, Carol
ResponderEliminarComo você, eu olho/sigo vários blogs de moda. Encontrei os seus entres minhas andanças virtuais e 'fiquei' justamente pela irreverência do seu estilo. Tenha certeza de que a sua personalidade se mostra em cada uma das suas produções (e estampas, que descobri recentemente, ieiii!).
Acho que seu texto tem haver com a padronização do que é belo na sociedade. A sua visão de belo é uma (e da nossa colega Iris) e de outras pessoas é outra. Faz parte do ser humano querer pertencer a coletividade/ser comparável (isto começa desde pequenos quando queremos um brinquedo, uma mochila igual ao do coleguinha na escola...). As pessoas continuam querendo 'pertencer', dai entendo vir a massificação, a padronização dos 'looks'. Não que isto esteja errado... a chave aqui (como em tantas outras questões na nossa sociedade) é aceitar (e porque não, amar) a diferença!
Parabéns pela consciência e abertura de mostrar ao mundo quem você é! ;)
Beijos
Perfeito o texto. "É melhor ser feliz do que bem vestida". Com certeza! Se bem que o conceito de "ser feliz" é super subjetivo também... Vai ver tem pessoas achando que ser "bem vestida" é sinônimo de felicidade. Cada um com suas prioridades e seu próprio estilo de vida. Acho que essa lavagem cerebral que a gente observa em relação ao que é belo e o que é feio acaba deixando s as pessoas meio neuróticas para seguir esse tal conceito, esse rótulo, esse padrão de beleza imaginário. As pessoas se sentem muitas vezes rejeitadas ou diminuídas quando não conseguem corresponder a essa expectativa de ser uma "it girl", uma menina que anda "sempre" muito bem arrumada, maquiada, produzida. Às vezes fico pensando como deve ser cansativo ser essa mulher-perfeita 24 horas por dia. Não poder ir até a padaria sem uma maquiagem e uma roupa "da moda". Prefiro ser essa criatura que se veste de acordo com o estado de espírito do dia. Inclusive tem vezes que eu saio de casa que só a graça...rsrs Bjinho pra tu.
ResponderEliminarAdoro a Iris, acho que ela liga o botãozinho do "foda-se" com tanta irreverência e elegância que não tem como não aplaudir. Curti bastante o texto mas acho que quando você escreve "E, apesar de ser uma mulher excêntrica e independente, acreditem, Iris foi feliz no amor, vejam só. ", parece que as mulheres excêntricas e independentes estão fadadas ao insucesso no amor, veja só. Iris é feliz, inclusive no amor. E ser feliz é suficiente.
ResponderEliminarBeijos
Ai to eu em plena sexta - feira com a Auto - estima derrubada e vem a Carols com esse texto maravilhoso <3 exatamente o que eu penso. Só não tinha coragem de colocar em prática, sempre acabei apelando para a cara feia que me olhava e trocava de roupa, usando o que as pessoas queriam, agora não mais <3
ResponderEliminarBeijos, Carol, você arrasa (: quero ser você quando eu ''crescer''.
Carol, o fato de seus looks serem criativos foi o que me fez acompanhar o blog! Foi exatamente isso que chamou a minha atenção entre tantos outros blogs 'robotizados'. Cada roupa que você veste mostra muito mais que o seu guarda-roupas: envolve toda a sua personalidade, criatividade, estado de espírito. E os textos que acompanham as postagens são sensacionais! Como é bom conhecer quem você é 'de verdade'! Tudo isso traduzido na Prosa. Parabéns pela originalidade.
ResponderEliminaro que eu escrevi foi uma ironia, Wal. ;) só pra satirizar o tipo de comentário que as mulheres escutam de outras mulheres sobre serem excêntricas e "infelizes" no amor por conta disso.
ResponderEliminarCarolzita, nunca comentei em nenhum blog de moda, mas eu tinha que te parabenizar, tantos pelos seus look autênticos como essas palavras de sabedoria, que nos faz ter coragem de sair dessa prisão blogosferica que nos encontramos.
ResponderEliminar;)
ResponderEliminarparabénx pelo texto, adorei. muito melhor ser feliz do que ~bem vestida~ HAHA
ResponderEliminar[…] de novo. Há tempos escrevi um texto sobre Iris Apfel aqui no blog, mas esta mulher é um assunto que não me enjoa e sempre alimenta […]
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